2 de janeiro de 2012

água

mulheres carretando. a casamança, verám de 2006.
visitei a casamança, entre o senegal e a guiné bissau, há uns anos. daquela ficou em mim gravada a evidência de que os avanços sociais som limitados no tempo e, sobretodo, no espaço. liberdades que tanto tempo e sangue e vidas levaram conquistar para as mulheres do ocidente, e que muitas vivemos como naturais e evidentes, ainda ficam utopicamente longe para as mulheres deste tempo mas doutras terras. 

a evidência era patente no quotidiano, no labor simples e calado de fazer-se com água potável. essa mesma água que a mim chega através de canos e torneiras e facturas de aquagest, outras tenhem que ir buscá-la cada dia, a primeira hora da manhá, ás fontes, aos poços, ao regato, aonde puder. 

nascêrom desta evidência dous poemas, um entrou nas instalações do livro [de]construçom; o outro abre este aquiltadas.

se água ocupa o primeiro quilte do poemário nom é  por acaso. á água questiona duma maneira dupla a concepçom cronológicamente lineal da história: aquilo que hoje nós temos nom é o mesmo que hoje tenhem noutros lugares, noutras culturas, outras mulheres do planeta.

por outra banda, a água responde á essa concepçom lineal com a súa organizaçom cíclica. é nom só gosto da imagem da água que se transforma, contamina, depura, congela, derrete, chove, sem deixar por isso de ser água, mas também da ideia de movimento que transmite: a água circula, move-se, é dinâmica, nom como a História, estática, estável, descontaminada e imóvel.

aquiltadas é uma história de água.

O ciclo da água visto por alexandre ono.

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nom há pontada sem fio