6 de janeiro de 2012

curandeira II: a corva

a corva, trabalhando, numa imagem de lavozdegalicia
uma das mulheres de mais sona na minha comarca era a corva. a corva de pardemarim
a corva era compostora. dedicava-se a arranjar ossos, escordaduras e mãos abertas. também era esperta em estômagos caídos e em re-colocar paletilhas. nom cobrava um peso por esse trabalho. 

para chegar a pardemarim, desde a estrada que vai a lalim, havia que passar polo fojo. gostavamos de sentar á beira da estrada e contar os carros que viravam cara a pista da bemposta. esses vam para a corva. passavam até mercedes benz!, para nós isso era do mais surprendente: gente rica indo a uma curandeira.
na taberna de lídia, uma casinha mais pequena que o loureiro que pousa nos seus muros, vendiam-se as vendagens e panos dos que gostava a corva. 
ás vezes parava alguém e perguntava timidamente como chegar a pardemarim. ah, ti vas à corva!, gostavam de dizer bem alto os  meus vizinhos, como para pôr em evidência ao doente encoberto.

houvo uma tempada em que nom saiamos do cruze: andava nas línguas da gente que bebeto, jogador do deportivo, estava a ser tratado pola corva. e lá botavamos as tardes, por ver se passava num super-mercedes ou parava a mercar lenços na taberna de lídia.

nunca chegamos a vê-lo.

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